Sucessão é crítica quando o sobrenome é o mesmo

11/07/2013

A necessidade de equilibrar interesses familiares e empresariais tem levado cada vez mais empresas a buscar consultorias especializadas. Disputas entre os herdeiros e a dificuldade para aceitar uma administração profissional são ameaças que podem comprometer a viabilidade do negócio. Um levantamento realizado pela consultoria Dextron com mais de 300 membros de famílias empresárias na América Latina mostrou que os três principais desafios, na avaliação dos entrevistados, são o planejamento estratégico - 30% apontaram como prioridade -, a sucessão da direção (23%) e o estabelecimento de uma estrutura organizacional formal (13%).

Um dos momentos mais críticos é o da sucessão, afirma o sócio-diretor da Dextron, Celso Hiroo Ienaga: "Muitos dos herdeiros se sentem na obrigação de continuar no comando, mas não foram preparados para isso". Ele trabalha para que os empresários familiares se conscientizem de que o negócio se tornou complexo demais e precisa se transformar para continuar crescendo. "Nas empresas que dependem de tecnologia, isso fica mais evidente", diz. "Por exemplo, em indústrias farmacêuticas familiares que trouxeram executivos de fora para a posição de CEO, os proprietários entenderam que a velocidade da transformação tecnológica era tão forte que a família não conseguia mais dar conta."

A orientação do consultor é montar um bom plano de sucessão e criar um modelo de governança que faça sentido tanto para a família como para a companhia.

É o que ocorreu na Farben Tintas, empresa familiar que fornece produtos para os ramos moveleiro, automotivo e imobiliário, criada em 1993 em Içara (SC). O fundador, Jayme Antônio Zanatta, 79, deu início há cinco anos a um bem-sucedido planejamento sucessório. "Ele, a esposa Dilza e os quatro filhos - Edmilson, Jayminho, Edilson e Elton - chegaram com serenidade a um consenso sobre os rumos a tomar", conta o presidente do Conselho de Administração, Edson Cichella.

Três herdeiros permanecem como executivos da Farben e o quarto, Elton, cuida de outros negócios da família. As questões de propriedade e gestão foram encaminhadas com a criação de dois órgãos de governança corporativa: o Conselho de Família e o de Administração. O primeiro é integrado pelo casal e os quatro filhos, além de Cichella como conselheiro externo. O Conselho de Administração acompanha o desempenho do negócio em reuniões mensais, auxiliado por três instrumentos: o planejamento estratégico, o orçamento anual e o relatório de informações gerenciais. A empresa tem tido crescimento anual de 15% a 20% nos últimos cinco anos.

A Teltec, de Florianópolis fundada em 1991 com foco em telecomunicações, também teve de lidar com sucessão familiar. Depois da privatização do setor de telefonia, seu fundador, Glauco Brites Ramos, mudou o modelo de negócios e convidou três jovens engenheiros eletricistas para se associarem - um deles é seu filho Diego Ramos. A empresa passou a atuar com Tecnologia da Informação. Em março, aos 64 anos, Glauco decidiu se aposentar. "Isso nos motivou a mudar outra vez e atuar na venda de serviços", conta Diego.

A Teltec Networks foi rebatizada Teltec Solutions e seu fundador passou a presidir o Conselho Administrativo, afastando-se do dia a dia. Durante um ano, os sócios contaram com o apoio de um executivo do mercado no departamento comercial. Outro avanço foi a construção de um planejamento estratégico, com a definição de metas para os próximos três anos.

Fonte: Dauro Veras - Valor Econômico


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