Em agosto deste ano um projeto piloto
capitaneado pelas multinacionais Syngenta e Bunge resultou na primeira Oferta
Pública de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), títulos do
agronegócio lastreados em CPRs (Cédulas de Produto Rural).
No atual momento de redução de juros
para aplicações financeiras, o mercado está buscando alternativas de títulos
mobiliários que apresentem rentabilidade média maior e certo grau de segurança
maior do que o mercado de ações, e a utilização de Recebíveis tem sido a bola
da vez, tendo se iniciado pelos CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários),
e agora partindo para os CRAs, ambos títulos mobiliários emitidos por
companhias autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Este projeto foi um grande sucesso, o
que alimentou a esperança para uma nova modalidade de financiamento do
agronegócio, atualmente tão dependente de recursos de instituições financeiras.
Em consulta ao site da CVM se verifica
que a Cheminova, outra multinacional do setor, também está preparando uma
oferta pública de CRAs para financiamento da operação de fornecimento de
defensivos aos seus revendedores.
A estruturação de operações de oferta
pública de CRAs apresenta um grande avanço às operações de trocas (barter)
realizadas pelas empresas de defensivos agrícolas e insumos, visto que o lastro
das CRAs nestas operações são os recebíveis do agronegócio, como, por exemplo,
as Cédulas de Produto Rural (CPRs) e Contratos de Compra e Venda Futura de
grãos, sendo, portanto, uma ótima fonte de financiamento agrícola baseada
exclusivamente na própria produção, o que possibilita aos revendedores um prazo
maior de financiamento de suas operações sem a necessidade de um caixa para
custeio das vendas a prazo de safra, ou mesmo pagar pelo custo do capital das
instituições financeiras para financiar a aquisição dos produtos a serem
revendidos em prazo de safra.
No entanto, como os revendedores e
produtores podem se preparar para fazer parte de um projeto deste porte?
Quando se avalia o projeto, se verifica
que embora o mercado de oferta pública de valores mobiliários seja algo
considerado sofisticado, os instrumentos que formalizam a operação antes da
securitização e oferta pública no mercado de valores mobiliários nada mais são
do que documentos comuns aos processos de troca de insumos por grãos, ou seja,
CPRs, Contratos de venda de grãos para entrega futura e comprovantes de entrega
das mercadorias adquiridas (Defensivos, fertilizantes e insumos). Portanto, as
revendas que realizarem um trabalho bem feito de formalização destas operações
com os seus produtores de forma a lastrear as emissões das CDCAs (Certificado
de Direitos Creditórios do Agronegócio) e consequentemente da securitização
destas através das CRAs, com certeza sairão na frente da escolha dos
organizadores destas operações.