O financiamento do Agronegócio através de Recebíveis do Agronegócio

03/10/2012

Em agosto deste ano um projeto piloto capitaneado pelas multinacionais Syngenta e Bunge resultou na primeira Oferta Pública de CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), títulos do agronegócio lastreados em CPRs (Cédulas de Produto Rural).

No atual momento de redução de juros para aplicações financeiras, o mercado está buscando alternativas de títulos mobiliários que apresentem rentabilidade média maior e certo grau de segurança maior do que o mercado de ações, e a utilização de Recebíveis tem sido a bola da vez, tendo se iniciado pelos CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários), e agora partindo para os CRAs, ambos títulos mobiliários emitidos por companhias autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Este projeto foi um grande sucesso, o que alimentou a esperança para uma nova modalidade de financiamento do agronegócio, atualmente tão dependente de recursos de instituições financeiras.

Em consulta ao site da CVM se verifica que a Cheminova, outra multinacional do setor, também está preparando uma oferta pública de CRAs para financiamento da operação de fornecimento de defensivos aos seus revendedores.

A estruturação de operações de oferta pública de CRAs apresenta um grande avanço às operações de trocas (barter) realizadas pelas empresas de defensivos agrícolas e insumos, visto que o lastro das CRAs nestas operações são os recebíveis do agronegócio, como, por exemplo, as Cédulas de Produto Rural (CPRs) e Contratos de Compra e Venda Futura de grãos, sendo, portanto, uma ótima fonte de financiamento agrícola baseada exclusivamente na própria produção, o que possibilita aos revendedores um prazo maior de financiamento de suas operações sem a necessidade de um caixa para custeio das vendas a prazo de safra, ou mesmo pagar pelo custo do capital das instituições financeiras para financiar a aquisição dos produtos a serem revendidos em prazo de safra.

No entanto, como os revendedores e produtores podem se preparar para fazer parte de um projeto deste porte?

Quando se avalia o projeto, se verifica que embora o mercado de oferta pública de valores mobiliários seja algo considerado sofisticado, os instrumentos que formalizam a operação antes da securitização e oferta pública no mercado de valores mobiliários nada mais são do que documentos comuns aos processos de troca de insumos por grãos, ou seja, CPRs, Contratos de venda de grãos para entrega futura e comprovantes de entrega das mercadorias adquiridas (Defensivos, fertilizantes e insumos). Portanto, as revendas que realizarem um trabalho bem feito de formalização destas operações com os seus produtores de forma a lastrear as emissões das CDCAs (Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) e consequentemente da securitização destas através das CRAs, com certeza sairão na frente da escolha dos organizadores destas operações.


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