A discussão do tema sucessão familiar
foi, por muitos anos, considerada um assunto intocável em empresas, de pequenas
e médias a grandes corporações multinacionais. Gestores do passado e sem visão
estratégica enxergavam o tema como uma intromissão indevida dos herdeiros. Com
a evolução das empresas familiares, as precauções nessa área ganharam seriedade
e profissionalismo. Afinal, furtar-se a planejar a sucessão pode significar o
fim da companhia e da renda de todo um corpo social que desaparece.
No entanto, ainda hoje diversas
empresas enfrentam problemas judiciais ou chegam à dissolução em virtude de
disputas societárias originadas por desentendimentos familiares. Esse fato é
muito comum em relação a ex-cônjuges e herdeiros, ou mesmo quando o familiar
que dirige o negócio deixa o cargo - seja por aposentadoria ou falecimento
repentino.
Problemas com sucessão são frequentes.
Os motivos são a falta ou a má assessoria empresarial e jurídica recebida
durante o nascimento e desenvolvimento da corporação, a carência de
conhecimento sobre questões societárias ou simplesmente a inexperiência
administrativa.
Situações como essas não podem existir
em companhias que pretendam se solidificar no mercado por mais de uma geração e
devem ser evitadas já na fundação. Quando o tema é tratado apenas no momento da
consumação da sucessão, o resultado acaba sendo desastroso. A experiência
mostra que, na maioria dos casos, já se cria um clima de embate antes do seu
início.
Existem bons mecanismos para evitar
esses problemas e ainda proteger, preservar e fortalecer o patrimônio da
empresa. Um deles passa por uma reestruturação societária e por um planejamento
sucessório. Conhecimento sobre tributação de heranças, doações e Imposto de
Renda incidente sobre os patrimônios também são muito importantes.
No momento da criação da empresa
deve-se ficar atento à definição de seu Contrato Social. Nesse documento devem
ser nomeados os herdeiros, diretores, administradores com capacidade técnica e
profissional para exercer cargos de decisão. Isso atenua problemas na hipótese
de uma saída repentina do comandante do negócio - seja voluntária ou por força
maior. Porém, devem-se respeitar os limites e as vontades dos herdeiros. É
preciso verificar se os descendentes do líder da empresa possuem qualificação para
assumir funções de comando.
Outra ação vital é profissionalizar a
companhia, elegendo técnicos para cargos estratégicos. Adequar um ente ao
negócio pode ser interessante, porém o inverso pode levar a empresa ao fim de
suas atividades. Contar com consultores especializados será de grande valia
nesse momento, pois são comuns empresas que passam de geração para geração
encerrarem suas atividades ao ter que enfrentar situações para as quais não
estão preparadas.
Proteja o patrimônio da família. Para
isso, é possível montar uma holding para conduzir os negócios, o que permite
estabelecer previamente os direitos e deveres de cada herdeiro para com a
empresa, quando da saída dos dirigentes tradicionais. Um dos erros
administrativos mais comuns é centralizar o controle e as informações
fundamentais para a gestão do negócio. Isso deve ser evitado ao máximo para
que, na falta dessas pessoas, a gestão de negócios continue caminhando.
É aconselhável que empresas em início
de atividade procurem profissionais especializados antes de abrirem suas portas
e solicitem auxílio para se prevenir de problemas futuros. Assim, garantirão
uma longa vida de atividades. Companhias já em funcionamento devem procurar os
profissionais que já as atendem e solicitar que as mudanças necessárias sejam
feitas.
Fonte:
http://www.segs.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=102473:-como-evitar-que-a-sucessao-seja-o-fim-de-uma-empresa-familiar-&catid=45:cat-seguros&Itemid=324(Raul
Corrêa da Silva)